The Tower Adamant / A Torre Inquebrantável

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‘The Tower Adamant/ A Torre Inquebrantável/ La Torre Inflexible/ La Torre Constante

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A TORRE INQUEBRANTÁVEL (Português)

LA TORRE INFLEXIBLE (Català)

LA TORRE CONSTANTE (Castellano)

 

THE TOWER ADAMANT (English text)

At what point does the state’s self-appointed entitlement to spy on its own citizens no longer seem abnormal?

The border between Northern Ireland and the Republic of Ireland stretches for 220 miles (360km).

During ‘the Troubles’ – the conflict in Northern Ireland which took place broadly between the late 1960s-1990s, the Armed Forces of the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland set up a series of armed, fortified observation towers at strategic points along the border and especially in urban ‘flashpoints’.

The purpose of these ‘watchtowers’ was supposedly to prevent acts of terrorism and movements of paramilitaries and their weapons and infrastructure across the border.

The watchtowers became highly visible landmarks and came to be seen as either essential structures for the upholding of the rule of law, or else oppressive, invasive spy posts for the surveillance of civilians, according to who you talked to.  Most of these structures were dismantled between 2003-07, as part of the peace process that followed the Good Friday Agreement in 1998, which is often held to mark the end of the Troubles and the coming of peace.

I first arrived in Derry/ Londonderry in January 2003.  The city, whose very name is disputed, seemed to me to be the epitome of ‘the Troubles’.  The scene of the Siege of Derry in 1688-9, and  ‘Bloody Sunday’ in 1972, Derry/ Londonderry is a city of different characteristics, invisible boundaries and contested space.  Every square inch of the city seemed to me claimed by one side or the other, and the history of British colonial domination in Ireland is written in the stones of the city’s most famous landmark – its intact City Walls.  Walking around these walls for the first time, I came across the ‘Masonic Watchtower’, which stood on one of  the highest parts of the city walls, at the top of a great slope, the most visible reminder of the militarisation of Northern Ireland, and to my eyes, a fascinating but awful, brutalizing, offensive invasion of public space, and a blatant act of terrorism by the state.

Here was a highly armoured tower, bristling with electronic surveillance equipment sited on the high ground of the city’s fortified walls, like a giant spear in the ground – intended to scare the populace.  Derry had become a clearly divided city with different areas divided between the Nationalist and Unionist communities.  The watchtower commanded a strategic location, overlooking the Bogside, one of Derry’s main Nationalist (mainly Catholic and Republican) communities.  In the watchtower windows, soldiers were looking through high-powered binoculars at the residential districts of the city spread out before them.

Here was a mechanism of the state – a controlling device of the government (in the form of the Army) of the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland.  Its purpose was to spy on its own people, the civilian residents of Derry – UK Passport holders and British Citizens.  The civilian residents of Derry are of course, also citizens of the Irish Republic, whether they choose to hold Irish or British passports – and many of the residents of the Bogside, undoubtedly, were supporters of the Nationalist cause.  To what extent they supported the Cause – up to and including membership of the IRA, INLA and other proscribed organisations was impossible to judge.  Of course, the British Army took no chances.  Hence the watchtowers.

‘The Tower Adamant’ is a reflection on a fascinating period in British and Irish history – the beginning of the end of ‘The Troubles’ – when the uneasy truce that came about started to become visible and the armoured patrols and institutional mechanisms of control and surveillance began to be dismantled.

Seen from the perspective of 2015, just 12 years later, these pre-internet fortifications seem like ancient castles, or other outdated reminders of military might that have become redundant in an age of drones over Afghanistan and mass-harvesting of digital data shared between the GCHQ (Government Communication Headquarters) in the UK and the NSA (National Security Agency) in the USA.

(Footnote, April 2017)
In the two years that have passed since I wrote this, the world has changed again, in ways I could never have predicted back then.  The unfolding disaster of ‘Brexit’ – another act of state terrorism – a right-wing coup d’etat, threatens to undermine decades of hard-won peace and co-operation within Europe.  It could potentially destroy the United Kingdom.  The border between Northern Ireland and the Republic is being discussed again.  Even though nobody wants a return to a ‘Hard Border’ it seems the government is pushing for a ‘Hard Brexit’ and nobody knows what this will lead to – perhaps a return of the watchtowers?  Meanwhile in the US, President Trump is starting to build his wall along the Mexican/ US Border.  What do these acts mean for future peace and co-operation between peoples in Europe and the Americas?

To quote George Santayana:
“Those who cannot remember the past are condemned to repeat it”.

With thanks to Dr. Martin Melaugh, University of Ulster, for kind permission in reproducing a single image from the CAIN archive – http://cain.ulst.ac.uk

Portuguese Translation: Alexandre Nunes de Oliveira
Spanish & Catalan Translations: Alexandre Nunes de Oliveira & Anna Otero

Noah Rose,
Manchester, England,
8 April 2017 (original text: 19 March 2015).

 

 

A TORRE INQUEBRANTÁVEL  (Português)
Quando passa a ser considerado normal que um Estado se autoatribua a faculdade de espiar os seus próprios cidadãos?

A linha de fronteira terrestre entre a Irlanda do Norte (Ulster) e a República da Irlanda, que divide a Ilha, possui uma extensão total de 220 milhas (aproximadamente 360 km).

Durante os anos problemáticos do conflito na Irlanda do Norte, que grassou o território de forma assinalável desde finais dos anos 60 até à década dos 90, as Forças Armadas do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte construíram uma rede de torres de vigilância, altamente fortificadas e armadas, estrategicamente colocadas ao longo da fronteira, mas também em pontos urbanos considerados particularmente sensíveis (‘flashpoints’).

A função dessas torres de vigia era, teoricamente, prevenir ações terroristas e impedir as movimentações de grupos paramilitares, suas armas e infraestruturas, através da fronteira.

Contudo, essas torres de vigia acabaram se tornando elementos altamente visíveis marcando a paisagem, tendo começado a ser percebidas como estruturas vitais para o cumprimento da lei e da ordem, ou inclusive interpretadas como símbolos de opressão, postos invasivos para vigiar ou diretamente espiar a população civil, conforme o ponto de vista. A maioria dessas estruturas foram desmanteladas durante os anos 2003 a 2007, como parte do processo de paz que resultou do Acordo conseguido na Páscoa de 1998, também chamado Acordo de Belfast, que é comummente apontado como a data que marcou o fim das hostilidades e o começo da pacificação do território.

A primeira vez que cheguei a Derry/Londonderry foi em janeiro de 2003. A cidade, cujo próprio nome oficial é objeto de discórdia e discussão, parecia ser a súmula das décadas problemáticas por que passou: uma cidade marcada pelo Cerco de 1688-89 ou pelos tenebrosos acontecimentos do Domingo Sangrento (‘Bloody Sunday’) de 1972, parecia ter umas fronteiras indefinidas e cambiantes. Cada centímetro quadrado parecia ser alvo de contestação, reclamado por ambas as partes envolvidas no conflito. A História do domínio colonial britânico na Irlanda se encontra escrita nas pedras do ex-libris mais conhecido da cidade – as suas famosas e intatas Muralhas. Caminhando ao redor destas paredes pela primeira vez, topei com a Torre de Vigia apelidada de ‘Maçónica’, que jazia numa zona elevada do perímetro amuralhado, no topo de uma ladeira, constituindo um recordatório mais que visível da militarização que sofreu a Irlanda do Norte. Aos meus olhos, aparecia como uma fascinante visão, mas ao mesmo tempo também como uma brutal e terrivelmente ofensiva invasão do espaço público, um bramante ato de terrorismo de Estado.

Aí estava, essa torre fortemente blindada, encabeçada com dispositivos eletrónicos de vigilância, disposta bem no meio das altas muralhas dessa cidade fortificada, como uma lança gigante levantada do chão para assustar a população. Derry tinha então se tornado numa urbe claramente dividida em diferentes áreas, habitadas de forma separada pelos Nacionalistas e os Unionistas. A torre de vigia presidia um lugar bem estratégico, altaneiro, do qual se podia controlar o ‘Bogside’, um dos principais bairros da fação nacionalista, com uma população predominantemente católica e republicana. Pelas vidraças da torre, podíamos ver os soldados, equipados com potentes binóculos, supervisionando como mirones, em todas as direções, as zonas residenciais da cidade que tinham à sua frente.

Diante de mim tinha, portanto, um importante aparelho que o Estado instalou sob uma forma militar, um poderoso mecanismo de controlo ao serviço do Governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte. O seu propósito era claro: espiar o povo, os civis residentes em Derry, cidadãos britânicos, portadores de passaporte emitido por esta nação. Estes habitantes civis de Derry também podiam ser cidadãos da República Irlandesa, dependendo de se escolhessem possuir passaporte irlandês ou britânico. Certo era que muitos residentes do bairro de Bogside eram indubitavelmente favoráveis à Causa Nacionalista Irlandesa. Até que ponto davam o seu suporte a essa Causa, passando por ser membros ativos do IRA, INLA ou outras organizações similares proscritas, isso já era impossível saber. Ainda assim – ou por isso mesmo – o Exército Britânico preferia não arriscar. Daqui as torres de vigia.

O projeto artístico ‘A Torre Inquebrantável’ visa ser uma reflexão sobre este período fascinante da História, irlandesa e britânica, que marcou o fim das hostilidades, quando a difícil trégua finalmente começou a ser real e, por conseguinte, as patrulhas armadas e os mecanismos institucionais de controle e vigilância começaram a ser desmontados.

Desde a perspetiva de 2015, 12 anos mais tarde, estas fortificações pré-cibernéticas parecem hoje castelos antigos, ou quaisquer outras reminiscências militares antiquadas que ficaram obsoletas na era dos drones que voam sobre o Afeganistão ou da recolha massiva de dados digitais, levada a cabo por organizações governamentais como a britânica GCHQ (Gabinete de Comunicação Governamental) ou a NSA (Agência de Segurança Nacional) dos Estados Unidos.

(Nota final, Abril de 2017)
Entretanto, mais dois anos passaram desde que tinha escrito este texto… e o mundo mudou outra vez, de uma forma que nunca poderia ter previsto. Este grande desastre em aberto que é o ‘Brexit’ – outro ato de terrorismo de Estado, um autêntico golpe de Estado perpetrado pela Direita – o qual ameaça minar décadas de paz e cooperação conseguidas arduamente na Europa. O ‘Brexit’ pode mesmo acabar destruindo o Reino Unido. A fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda torna a ser tema de debate. E ainda que ninguém queira o regresso duma fronteira de linha dura à moda antiga, parece que o Governo britânico se apressura a uma saída áspera da União Européia. Ninguém sabe como tudo isto vai terminar… quem sabe, as velhas torres de vigia irão voltar? Enquanto isso, nos EUA, o presidente Trump quer edificar um muro gigante na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Que significarão estas medidas para o futuro da paz e da cooperação entre os povos e as pessoas da Europa e das Américas?

Citando George Santayana:
“Quem não é capaz de relembrar o passado, está condenado a repeti-lo”.

Agradecimento especial ao Prof. Martin Melaugh, da Universidade de Ulster, por ter autorizado a reprodução de uma imagem do Arquivo CAIN – http://cain.ulst.ac.uk

Tradução Portugues: Alexandre Nunes de Oliveira.

Noah Rose,
Manchester, Inglaterra,
8 Abril 2017 (versão original: 19 Março 2015).

 

LA TORRE INFLEXIBLE (Català)

En quin moment el dret autoproclamat de l’Estat per espiar als seus propis ciutadans ja no sembla anormal?

La frontera entre Irlanda del Nord i la República d’Irlanda s’estén al llarg de 220 milles (360 quilòmetres).

Durant “the Troubles” – el conflicte a Irlanda del Nord, que va tenir lloc en termes generals entre finals del 1960 i 1990, les Forces Armades del Regne Unit de Gran Bretanya i Irlanda del Nord van establir una sèrie de torres d’observació fortificades i armades en punts estratègics al llarg de la frontera i especialment en “punts àlgids” urbans.

El propòsit d’aquestes torres de vigilància era suposadament per prevenir actes de terrorisme i moviments dels paramilitars, les seves armes i infraestructures a través de la frontera.

Les torres de vigilància es van convertir en punts de referència molt visibles i van arribar a ser vists ja sigui com estructures essencials per al manteniment de l’Estat de dret, o, segons altres, com elements opressius i invasius, per a espiar i controlar la població civil. La majoria d’aquestes estructures van ser desmantellades entre 2003-2007, com a part del procés de pau que va seguir a l’Acord de Divendres Sant del 1998, que sovint s’usa com a data final dels conflictes i l’arribada de la pau.

Vaig arribar per primera vegada a Derry / Londonderry al gener de 2003. La ciutat, de la qual fins i tot el nom és blanc de disputes, em semblava ser l’epítom dels ‘Troubles’. L’escena del setge de Derry el 1688-89, i el ‘Diumenge Sagnant’ del 1972, fan de Derry / Londonderry una ciutat de característiques diferents, fronteres invisibles i espai disputat. Cada centímetre quadrat de la ciutat em va semblar reclamat per una banda o l’altre, i la història de la dominació colonial britànica a Irlanda està escrita en les pedres del monument més famós de la ciutat – les seves intactes muralles. Caminant per aquestes parets, per primera vegada, em vaig trobar amb la torre de vigilància ‘Maçònica’, que se situa en una de les parts més altes dels murs de la ciutat, al cim d’una gran pendent, el recordatori més visible de la militarització d’Irlanda del Nord, als meus ulls, una fascinant però horrible, brutal i ofensiva invasió de l’espai públic, i un acte flagrant de terrorisme per part de l’Estat.

Aquí estava una torre altament blindada, estarrufada d’equips de vigilància electrònica, situada a la part alta de les parets fortificades de la ciutat, com una llança gegant a terra – amb la intenció d’espantar a la població. Derry s’havia convertit en una ciutat clarament dividida amb diferents zones entre les comunitats nacionalistes i unionistes. La torre de vigilància tenia una ubicació estratègica, amb vistes al Bogside, un dels principals enclavaments nacionalistes de Derry (majoritàriament catòlic i republicà). En les finestres de les torres, els soldats escorcollaven a través de prismàtics d’alta potència en els barris residencials de la ciutat que s’estenia davant seu.

Aquí estava un mecanisme de l’estat – un dispositiu de control del govern (en forma militar) del Regne Unit de Gran Bretanya i Irlanda del Nord. El seu propòsit era espiar al seu propi poble, els residents civils de Derry – els titulars de passaports del Regne Unit, els ciutadans britànics. Els residents civils de Derry són, per descomptat, també els ciutadans de la República d’Irlanda, si decideixen mantenir passaports irlandesos o britànics i molts dels residents de la Bogside, sens dubte, eren partidaris de la causa nacionalista. Fins a quin punt van recolzar la causa? Si formaven part de l’IRA, INLA o altres organitzacions proscrites, era quelcom impossible de jutjar. Per descomptat, l’exèrcit britànic no es va arriscar. Per aquest motiu les torres de vigilància.

La Torre Inflexible és una reflexió sobre un període fascinant de la història britànica i irlandesa – el principi de la fi de’ The Troubles “- quan la fràgil treva que es va produir va començar a fer-se visible i les patrulles blindades i els mecanismes institucionals de control i vigilància van començar a ser desmantellats.

Vist des de la perspectiva del 2015, només 12 anys més tard, aquestes fortificacions pre-Internet semblen com castells antics, o altres recordatoris obsolets del poder militar que s’han tornat inútils en una època de drones sobre l’Afganistan i la massiva recol·lecció de dades digitals compartides entre el GCHQ (Centre Governamental de Comunicacions) al Regne Unit i la NSA (Agència Nacional de Seguretat) als EUA .

(Nota final, Abril de 2017)

Mentrestant, dos anys més varen passar des de que havia redactat aquest text… i el món ha tornat a canviar novament, d’una forma que mai hauria sospitat o previst. El gran desastre en obert que és el ‘Brexit’ –un altre acte de terrorisme d’Estat, autèntic cop d’Estat perpetrat por la dreta- i que amenaça minar dècades de pau i cooperació aconseguides amb molta feina a Europa. El ‘Brexit’ pot fins i tot acabar per destrossar el Regne Unit. La frontera entre Irlanda del Nord i la República d’Irlanda torna a ser tema de debat. I encara que ningú vulgui el retorn d’una frontera ‘dura’ com les d’abans, tot indica que el Govern britànic es presta a una sortida ben ‘dura’ de la Unió Europea. Ningú té idea de como tot això pot acabar… Tornaran potser les velles torres de vigilància? En el mateix moment, en els Estats Units, el president Trump planeja edificar un mur gegant en la frontera entre el seu país i Mèxic. Quin significat tindran aquestes mesures sobre el futur de la pau i la cooperació entre els pobles d’Europa i de les Amèriques?

Citant George Santayana:

“Qui no sigui capaç de recordar el passat, estarà condemnat a repetir-lo”.

 

Amb agraïment a Dr. Martin Melaugh, Universitat d’Ulster, per l’amable permís a la reproducció d’una imatge de l’arxiu CAIN – http://cain.ulst.ac.uk

La traducció portuguèsa: Alexandre Nunes de Oliveira
Les traduccions català i  castellà:  Alexandre Nunes de Oliveira i Anna Otero

Noah Rose,
Manchester, Anglaterra,
8 abril 2017 (text original: 19 març 2015).

 

 

 

LA TORRE CONSTANTE  (Castellano)
¿En qué momento el derecho autoproclamado del Estado para espiar a sus propios ciudadanos ya no parece anormal?

La frontera entre Irlanda del Norte y la República de Irlanda se extiende a lo largo de 220 millas (360 kilómetros).

Durante “the Troubles” – el conflicto en Irlanda del Norte, que tuvo lugar en términos generales entre finales del 1960 y la década de los 90, las Fuerzas Armadas del Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte establecieron una serie de torres de observación fortificadas y armadas en puntos estratégicos de la frontera y especialmente en “puntos álgidos” urbanos.

El propósito de estas “torres de vigilancia” era supuestamente para prevenir actos de terrorismo y los movimientos de los paramilitares y sus armas e infraestructuras a través de la frontera.

Las torres de vigilancia se convirtieron en puntos de referencia muy visibles y llegaron a ser vistos ya sea como estructuras esenciales para el mantenimiento del Orden y de la Ley, o, según otras percepciones, como puntos de espionaje invasivos y opresivos, para la vigilancia de la población civil. La mayoría de estas estructuras fueron desmanteladas entre 2003 y 2007, como parte del proceso de paz que siguió al Acuerdo de Viernes Santo en 1998 (también llamado Acuerdo de Belfast), que normalmente se indica como la fecha que marca el final de los conflictos y la llegada de la paz.

Llegué por primera vez en Derry / Londonderry en enero de 2003. La ciudad, cuyo mismo nombre es blanco de disputa, me parecía ser el epítome del conflicto vivido. La escena del asedio de Derry en 1688-89, y el ‘Domingo Sangriento’ en 1972, hacen de Derry / Londonderry una ciudad de características diferentes, fronteras invisibles y espacio disputado. Cada centímetro cuadrado de la ciudad me pareció reclamado por un bando y por el otro, y la historia de la dominación colonial británica en Irlanda está escrita en las piedras del monumento más famoso de la ciudad – sus intactas murallas. Caminando por estas paredes, por primera vez, me encontré con la torre de vigilancia ‘Masónica’, que se sitúa en una de las partes más altas de los muros de la ciudad, en la cima de una gran pendiente, el recordatorio más visible de la militarización de Irlanda del Norte. Delante de mis ojos, una fascinante pero horrible, brutal y ofensiva invasión del espacio público, un acto flagrante de terrorismo por parte del Estado.

Aquí estaba una torre altamente blindada, erizada con sus equipos de vigilancia electrónica, situada en lo alto de las paredes fortificadas de la ciudad, como una lanza gigante en el suelo – con la intención de asustar a la población. Derry se había convertido en una ciudad claramente dividida, con diferentes zonas repartidas entre las comunidades nacionalistas y unionistas. La torre de vigilancia tenía una ubicación estratégica, con vistas al Bogside, uno de los principales barrios nacionalistas de Derry (mayoritariamente católico y republicano). En las ventanas de las torres, los soldados controlaban con sus prismáticos de alta potencia los barrios residenciales de la ciudad que se extendía ante ellos.

Aquí estaba un mecanismo del Estado – un dispositivo de control del gobierno (en forma de Ejército) del Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte. Su propósito era espiar a su propio pueblo, los residentes civiles de Derry – los titulares de pasaportes del Reino Unido, los ciudadanos británicos. Los residentes civiles de Derry son, por supuesto, también los ciudadanos de la República de Irlanda, según decidan tener pasaportes irlandeses o británicos – y muchos de los residentes de la Bogside, sin duda, eran partidarios de la causa nacionalista. ¿Hasta qué punto apoyaron la causa siendo miembros de la IRA, INLA y otras organizaciones proscritas? era imposible de juzgar. Por supuesto, el ejército británico no se arriesgaba. De ahí las torres de vigilancia.

‘La Torre Constante’ es una reflexión sobre un período fascinante de la historia británica e irlandesa – el principio del fin del conflicto llamado ‘The Troubles “- cuando la frágil tregua que se produjo comenzó a hacerse visible y las patrullas blindadas y mecanismos institucionales de control y vigilancia comenzaron a ser desmantelados.

Visto desde la perspectiva de 2015, sólo 12 años más tarde, estas fortificaciones de la época pre-Internet parecen como castillos antiguos, u otros recordatorios obsoletos del poder militar que se han vuelto inocuos en una época de drones sobre Afganistán y la masiva recolección de datos digitales compartidos entre el GCHQ (Centro Gubernamental de Comunicaciones) en el Reino Unido y la (Agencia Nacional de Seguridad) de la NSA en los EE.UU.

(Nota final, Abril de 2017)
Mientras tanto, dos años más han pasado desde que había escrito este texto… y el mundo volvió a cambiar otra vez, de una manera que nunca hubiera sospechado o previsto. El gran desastre en abierto que es el ‘Brexit’ – otro acto de terrorismo de Estado, auténtico golpe de Estado perpetrado por la derecha- y que amenaza minar décadas de paz y cooperación logradas arduamente en Europa. El ‘Brexit’ puede incluso llegar a destrozar el Reino Unido. La frontera entre Irlanda del Norte y República de Irlanda torna a ser tema de debate. Y aunque nadie quiera el regreso de una frontera ‘dura’ a la moda antigua, todo indica que el Gobierno británico se presta a una salida ‘dura’ de la Unión Europea. Nadie sabe cómo todo esto terminará… ¿quizás volverán las viejas torres de vigilancia? En el mismo momento, en Estados Unidos, su presidente Trump planea edificar un muro gigante en la frontera entre su país y Méjico. ¿Qué significado tendrán estas medidas en el futuro de la paz y cooperación entre los pueblos de Europa y de las Américas?

Citando George Santayana:
“Quien no sea capaz de recordar el pasado, está condenado a repetirlo”.

Con agradecimiento a Dr. Martin Melaugh, Universidad de Ulster por el amable permiso en la reproducción de una imagen del archivo CAIN – http://cain.ulst.ac.uk

Traducciones castellano y catalán: Alexandre Nunes de Oliveiro y Anna Otero
Traducción portugués: Alexandre Nunes de Oliveira

Noah Rose,
Manchester, Inglaterra,
8 Abril 2017 (version original: 19 Marzo 2015).